Ifap forma novos técnicos com educação de qualidade e inclusiva

Solenidade de certificação tem surdo, autista e universitários entre os 87 concluintes de cursos técnicos

^{Formandos do curso técnico em Edificações Heric Vinicios Brito dos Santos e Haricia Brandão. (Foto: Suely Leitão/Deice-Ifap)}

As palavras “emoção” e “gratidão” são comuns em discursos nas solenidades de certificação, porém na ocorrida na sexta-feira (7/6), no campus Macapá do Instituto Federal do Amapá (Ifap), a palavra “inclusão” foi a mais fortemente manifestada, mesmo que em grande parte do tempo não oralmente. Entre os 87 novos técnicos formados, estavam Heric Vinicios Brito dos Santos e Lucas dos Santos Silva, ambos em Edificações. O primeiro é surdo e o segundo autista, porém, essas características consideradas necessidades educacionais específicas foram superadas durante os três ou quatro anos de curso, permitindo que os dois estivessem, não só juntos aos demais colegas, mas também integrados e completamente aptos a receber o grau de técnicos.

^{Fomandos dos cursos técnicos de Edificações, Redes de Computadores e Segurança do Trabalho. (Foto: Alexandre Brito/Deice-Ifap)}

Durante a cerimônia, presidida pela reitora Marialva Almeida, houve tradução em Libras, realizada pelos técnicos do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) do campus Macapá, que utilizaram recursos tecnológicos em vídeo. Receberam o grau de técnicos as turmas dos cursos técnicos de nível médio na forma integrada de Edificações e Redes de Computadores (ingresso em 2015 e 2016) e do curso técnico do programa Rede e-Tec na forma subsequente a distância em Segurança do Trabalho (ingresso em 2017).

^{O Tradutor e Interprete em Libras do Ifap, Ronielson Gonçalves. (Foto: Alexandre Brito/Deice-Ifap)}

Junto com os colegas, Heric era um dos mais alegres. Na entrevista, ele contou que no início do curso foi muito difícil na sala de aula, sentiu-se rejeitado e ficou com raiva. Depois começou a se relacionar com os colegas, alguns aprenderam a linguagem de sinais e, com a entrada do tradutor-intérprete de Libras, ficou mais fácil concluir o curso. Finalizou dizendo que já estava sentindo saudade do Ifap e dos colegas.

No momento que formava fila na entrada da solenidade, Heric se comunicava por meio de gestos com os colegas e festejava a chegada de cada um ao local. “Antes a gente não tinha nenhuma comunicação, ele ficava excluído. Só que no decorrer do tempo e com o curso de Libras que teve no nosso curso, a gente foi se adaptando ao modo dele, interpretando o que ele tava falando nos gestos. Agora, por exemplo, que ele fez esse gesto (faz um gesto com a mão mostrando barriga de grávida), eu já sabia que ele tava falando da Mirna, que tá grávida”, disse a também técnica em Edificações Haricia Brandão.

Superação

^{Formandas do curso Técnico em Segurança do Trabalho. (Foto: Suely Leitão/Deice-Ifap)}

Superação também foi necessária para a turma do curso técnico em Segurança do Trabalho, na forma subsequente, que é ofertada para pessoas de todas as idades que tenham o ensino médio completo, mas querem conquistar a primeira ou uma nova profissão certificada. Esse foi o caso de Ana Cleia Gomes Paixão Marques, 42 anos, que é massagista e estava fora da sala de aula há muitos anos e não tinha certificado de técnico ou diploma de graduação. “Foi uma experiência inigualável, os professores, tutores e o próprio Ifap. Trabalho como massagista e já tenho umas propostas para a área de segurança do trabalho”, contou.

Em seu discurso, o diretor-geral do campus Macapá, Márcio Prado, enfatizou que a instituição também se superou nos últimos anos para garantir uma “educação inclusiva de fato e direito” e, para isso, houve uma “parceria com toda a comunidade e os pais dos alunos, promovendo diversos trabalhos de assessoria”. Ele pediu para que os formandos Heric e Lucas ficassem de pé para serem reconhecidos e fez referências aos pais que “nunca desistiram de lutar para ver os direitos de seus filhos garantidos”.

A reitora Marialva Almeida destacou o trabalho dos servidores do Napne e ressaltou que a inclusão presente na solenidade revela “o quanto a gente tem evoluído, aprendido, otimizado os nossos serviços por acreditar que a educação é a mola propulsora capaz de mudar vidas”. Também lembrou que o Ifap está aberto para estudantes de todas as idades. “Nossa instituição percorre desde a adolescência até a mais alta idade, mostrando que a educação torna possível os sonhos, e que a gente não tem limites”, afirmou.

^{Mesa de Honra da Solenidade de Formatura. (Foto: Alexandre Brito/Deice-Ifap)}

Educação de qualidade

Os professores escolhidos como paraninfos das turmas destacaram o esforço e desempenho escolar dos estudantes durante os cursos, enquanto os oradores agradeceram o apoio dos técnicos e professores, que, com sua dedicação e exemplos, foram decisivos para a conclusão com êxito, bem como o apoio além da sala de aula, como as conversas de incentivo, as caronas e as ajudas financeiras.

Uma das primeiras a concluir o curso integrado na forma integral, ou seja, em apenas três anos, com aulas nos turnos da manhã e da tarde, para dar conta da grade curricular do ensino médio e técnico, a turma de Redes de Computadores (2016-2018) chegou à solenidade de certificação com outros títulos no currículo. Muitos dos formandos já estão matriculados em instituições de ensino superior públicas e privadas conquistando a vaga em primeiros lugares na concorrência, conforme destacou o paraninfo, professor Francisco Sanches.

Paraninfo da turma de Técnico em Edificações (2016-2018), também na forma integrada integral, o professor Dennys Max da Conceição leu o discurso em formato de carta dirigida aos formandos, onde destacou a satisfação de ter visto os alunos crescerem como seres humanos e superando as que eram consideradas difíceis aulas teóricas de Educação Física que ele ministrou ao longo do curso.

Também integraram a mesa de honra da solenidade o paraninfo da turma 2015 do curso Técnico em Edificações, professor Ruan Fabrício Gonçalves Moraes, o paraninfo da turma de 2016 do curso de Técnico em Redes de Computadores, professor Allan Meira de Medeiros, e o paraninfo da turma 2017 do curso técnico de segurança do trabalho do programa Rede e-Tec, professor Marco Antônio Santos de Oliveira.

Por Suely Leitão , jornalista da Reitoria

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